Em 2023 o varejo sofreu inúmeros reveses, de resultados ruins a escândalos, passando por fechamento de lojas e pedidos de recuperação judicial. Os juros começaram a cair, mas as empresas do setor ainda sofrem com as taxas altas e com o impacto da pandemia. Contabilizam os danos, enquanto o mercado já se pergunta: vale a pena investir em varejistas no ano que vem?
Para Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, 2023 trouxe vários aprendizados para o setor – o principal deles foi entender que uma boa análise envolve fatores macro e microeconômicos e que é preciso separar muito bem as varejistas que se destacam em cada cenário.
“Vimos, por exemplo, no varejo de moda, um ano de ambiente macroeconômico complexo. Alguns players tiveram mais dificuldades para navegar ao longo do ano, como a Lojas Renner (LREN3), cujas ações recuam mais de 16% no acumulado do ano. Porém, alguns fatores micro foram determinantes para alguns papéis, a exemplo da C&A (CEAB3), que realizou diversos avanços operacionais e cujas ações sobem mais de 260% no ano”, pontua.
Vitorio Galindo, analista da Quantzed, avalia que além desses fatores macro e microeconômicos, algumas varejistas acabaram tomando decisões erradas no período. “Muitas se alavancaram demais, queimaram margem. Outras compraram estoques errados e aí, para liquidar esses estoques, tiveram grandes prejuízos. Teve até caso até de empresa com margem bruta negativa para liquidar estoque”, explica Galindo.
Em contrapartida, aquelas que estavam com uma estrutura financeira correta e pouco alavancadas tomaram boas decisões de alocação de capital nos anos anteriores, quando os juros estavam baixos. “Essas continuaram com um bom resultado, desempenho acima do esperado. Agora, as que erraram estão pagando pelos erros”, completa Galindo.